Fotografia de Gustonator |
Acontece sempre: você se esforça para ser o melhor possível no seu trabalho mas, não tem jeito, nas reuniões ou conversas paralelas rápidas sobre determinados projetos, alguém se sente ofendido com alguma coisa que você diz.
Frequentemente você se vê com aquela sensação castradora de que a próxima palavra pode ser mal recebida e virar uma bola de neve como da última vez que você expôs o que pensava.
Todo santo dia você pisa em ovos e tenta manter aquela cara
neutra porque, qualquer mordida nos próprios lábios ou desviada do olhar, pode
estar sugerindo que você está tirando onda ou desprezando alguém.
Bem, o que eu posso dizer sobre isso é que, infelizmente,
amigo, você vive na América do Sul. E aqui, querendo ou não, vivemos um regime socialista,
apesar de, no Brasil, existir um falso capitalismo por mero interesse monetário
de alguns.
O socialismo defende, a princípio, uma vida sem desigualdade
social. Uma vida onde todos vivem mais ou menos da mesma forma, ganham mais ou
menos a mesma coisa, não importando a profissão que exerçam, vestem-se mais ou
menos igual, enfim, uma maravilha, certo? Errado. É uma falsa sensação de igualdade.
Assim como toda e qualquer coisa que você faça na sua vida,
o socialismo tem um lado ruim: Você vê vagabundos, bandidos e trapaceiros,
levando a mesma vida que você, ou até melhor do que você, sendo muito menos do
que você.
Ah, espera, sentiu algo familiar? Já se sentiu assim antes?
Já teve a impressão de que você rala pra caramba para ganhar o mesmo ou menos
que um colega seu que coça o dia inteiro?
Isso é regime socialista, amigo.
O outro lado ruim do regime socialista é o seguinte conceito:
“O governo te dá certa, digamos, moleza, porque, sabe, todo mundo erra. Então
fica quietinho, tá? Faz seu trabalho sem reclamar que a gente não te fode.”
Algo familiar novamente? Incrível, não?
Isso é, de novo, regime socialista, amigo. E essa forma de
fazer as coisas é algo parecido com uma ditadura.
Uma outra verdade, ainda mantendo o foco em palavras e
atitudes mal interpretadas no trabalho, é que as pessoas são todas “dodóis”.
Ficam ofendidinhas se você fala algo fora do script pateta e
chato de todos os dias. Se ao invés de “bom dia” você resolve dizer “Opa, tudo
bem?”, sem a menor pretensão ou motivo aparente, apenas para mudar um pouco, a
tendência é a pessoa pensar que você está puto com ela.
E, sem entender o
motivo pelo qual você estaria puto, conforme a imaginação altamente criativa
dela, ela fica puta contigo. E começa aquele apelo circerse, onde ela te dá
patadas na reunião, não almoça mais com você e acredita que o dedo que você
usou para coçar o olho é um sinal obsceno.
Outro ponto também a considerar é que todos estão,
continuamente, sob grande pressão. O ambiente que se cria dentro das empresas
medianas e multinacionais é de você está sendo observado o tempo todo e pegará
com seu emprego por qualquer falta.
E, como todos nós somos seres humanos, e como todos nós, na
condição de seres humanos, erramos, nós sabemos que, mais cedo ou mais tarde,
iremos errar em algo. Nossa educação foi péssima e decadente e nós sabemos
disso. Nós não fomos tão engajados da faculdade e nos cursos de pós-graduação e
nós sabemos disso. Nós deveríamos ter pesquisado mais sobre determinado assunto,
mas preferimos ficar no Facebook e nós sabemos disso.
Nós vamos errar de novo, em breve. E ao invés de empresas encararem
erros como aprendizados, elas encaram como custos extras. Cortam a pessoa que
errou, contratam outra e ela fica lá, até se sentir pressionada e
sobrecarregada e começar a errar. Um ciclo, no mínimo, sem o menor sentido - para
não dizer idiota.
É por isso que um “oi” contido pode ser um problema tão
grande. É por isso que não notar a pessoa e não cumprimenta-la com um sorriso,
aperto de mão e lambidas no saco pode ser tão comprometedor para seu desempenho
no trabalho.
As pessoas trabalham todos os dias sob pressão. Estão a
ponto de estourar. Estão com a sensação de que estão sendo analisadas a cada
segundo.
Estão com as emoções à flor da pele, sufocadas, tentando
conter uma represa cheia com uma rachadura bem no centro.
E isso deixa todos exaustos.
Então pare e respire fundo. Amanhã, antes de trabalhar, guarde a motoserra. Lembre-se dessa situação generalizada. Lembre-se que aquele seu colega que está de cu virado contigo pode estar
passando por momentos tão estressantes quanto os que você vem passando. Ele
pode estar com a corda no pescoço, um filho doente, uma vagabunda dizendo que
está grávida dele, um pai com parkinson, uma mãe na UTI, um financiamento
suspenso pelo banco. Isso é mais comum do que parece.
Por mais que as megacorporações e empresas de fachada
insistam em criar um clima denso, frio e hostil dentro de seus escritórios,
tente entender a situação como um todo, fora da sua baia, fora do seu
departamento, fora da empresa. Faça contrário. Seja uma pessoa. Um ser humano.
Ninguém consegue acionar o modo “Ciborgue Operacional”
sempre. Nem todo mundo é sociopata como muitos diretores e proprietários de empresas.
A vida é uma só. É a mesma em casa e no trabalho, por mais que te disseram que
separar as coisas é ser profissional.
Os sociopatas não apresentam nenhum traço de
empatia, porém, as pessoas comuns são emoção pura. Não pensam muito, simplesmente agem.
Entenda a situação como um todo antes de pensar apenas em
você. E trate as pessoas como elas acham que devem ser tratadas, mesmo que você
não concorde com elas.
As mais arrogantes, por exemplo, já esperam tomar porrada de
alguém que não tolera arrogância. Se o seu comportamento for diferente dos
demais, aos poucos, essas pessoas difíceis vão passar a considerar você.
É assim que funciona. E é muito fácil agir por impulso, como todo mundo. Mérito
mesmo tem a pessoa que controla suas emoções e age tranquilamente, promovendo a paz nos momentos em que todos estão a ponto de saírem no tapa.
Foto de Berkoztur |
Espero que sua semana seja diferente dessa vez por que, na próxima, tem um post sobre sexo com pessoas do trabalho.
Sucesso!
MnpConquistador
Trabalhar nem é tão difícil.
ResponderExcluirDifícil mesmo é lidar com pessoas!
E como. É o grande desafio. ;)
ResponderExcluir